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Autores e Sociedade

Autores e Sociedade

A influência das televisões como forma de condicionamento da decisão do eleitorado

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Se a coligação PPD-PSD.CDS-PP ganhar bem pode agradecer de todo o coração às televisões e a muitos dos seus comentadores e jornalistas. Todos os canais, sem exceção, mostraram uma parcialidade de tratamento nunca vista em eleições de anos anteriores. Foi uma espécie de retaliação contra o Partido Socialista. Resta-nos saber porquê.

Mas não foram só as televisões, estas serviram como veículo de partidos de todos os quadrantes para fazer campanha baseada no ataque ao Partido Socialista esquecendo grande número de vezes a coligação de direita PPD-PSD.CDS-PP que governou durante mais de quatro anos. O objetivo era simplesmente fazer com que o PS não tenha maioria o que servirá apenas para beneficiar a direita.

Dizia Eduardo Cintra Torres em janeiro de 1998 (p.168) que "Cabe aos mensageiros, (os jornalistas, os órgãos de informação) e aos recetores (os leitores, os espectadores) estarem atentos por forma a que a realidade vista por cada um seja sua e não "deles". Essa vigilância é particularmente difícil no caso da televisão, porque as mensagens de propaganda se espalham temporalmente e se diluem em inúmeros blocos informativos - mensagens que são como pontos invisíveis, mas vão formando uma imagem, não no ecrã, mas dentro de nós, subliminar."

Esta citação foi escrita por Cintra Torres, agora comentador no canal de televisão CMTV, quando no Governo em Portugal estava o Partido Socialista com António Guterres. Resta saber se hoje em dia terá a mesma opinião com o Governo PSD/CDS, ainda em funções.   

Como os portugueses estão  aproximadamente quatro horas por dia agarrados à televisão, é como se utilizassem uma ferramenta para mudança social, alterando a forma de pensar. O governo e a coligação PPD-PSD.CDS-PP seriam ingénuos se ignorassem o seu efeito. 

Assim como a televisão pode motivar através da publicidade para comprar roupas, música, jogos e por as pessoas dentro e fora de moda, o mesmo pode ser feito ao modo particular de pensar sobre quem governa.

A televisão através de informações selecionada e tratada com muito cuidado pode motivar e até manter um povo enganado através da seleção de temas e condicionamento de opiniões para servir a critério dum governo, dum partido ou outros.

O elemento principal do controle social é a estratégia da distração que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e económicas, mediante a técnica de contínuas distrações e de informações insignificantes.

A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir o público de prestar atenção ao que verdadeiramente interessa e se passa na política. Manter a atenção do público distraído, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real.

Usar aspetos emocionais é uma técnica para causar uma espécie de curto-circuito na análise racional e no sentido crítico dos indivíduos. Além do mais, a utilização das emoções permite abrir a porta de acesso para fazer entrar ideias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos. Esta última fez parte da campanha da coligação de direita PSD/CDS.

A estratégia passa pela divulgação preferencial de conteúdos medíocres, e pela coroação de ícones políticos popularuchos que em geral não apresentam demasiada  cultura, nem inteligência mas que a televisão transforma.

Se a coligação PPD-PSD.CDS-PP ganhar bem pode agradecer de todo o coração às televisões. A todas sem exceção. Diretores de informação, alguns jornalistas, comentadores mostraram uma parcialidade nunca vista em anos anteriores. Foi uma espécie de retaliação contra o Partido Socialista.

Colocavam no ar tudo o que era bom da campanha PAF e horas a fio de Passo Coelho a falar monocordicamente e por outro lado quase tudo o que era mau na campanha do PS. Não havia censura, mas a forma como a informação é tratada e alinhada para ir para o ar pode também ser uma espécie de censura no sentido de avaliação negativa. Se, de facto, se acreditar em conluios, esta campanha foi bem disso a prova de como a direita teve uma influência que penetrou em todos os canais de televisão, mesmo naqueles cuja informação se diz ser independente. Somos livres de pensar de por portas e travessas não terá havido promessas a esses canais, alguns deles não são mais do que "canis" que abrigam cães rafeiros da desinformação.

Uma análise ao conteúdo das campanhas comprovaria o que acabo de dizer. Porque não é apenas o que dizem a quantidade do que dizem nem a quantidade do que passam é, também, a seleção tendenciosa das imagens e os comentários por vezes sem isenção e ao belo prazer e interpretação livre do jornalista que os faz  

Tirando alguns frente a frente onde por vezes estavam políticos de partidos à esquerda do PS (também era o que faltava que assim não fosse) os comentadores de serviço em todos os canais generalistas e de informação eram conhecidas figuras do PSD. Onde estava o contraditório?

Eu não acredito da independência e isenção de militantes sem contraditório quando comentam política nas televisões.

Para a maior parte das pessoas a fonte de informação é a televisão mais do que de qualquer outra fonte de notícias e daí há sempre uma maior preocupação pela forma como os canais cobrem uma campanha política. Estudos em outros países têm demonstrado a predisposição para a cobertura de notícias que se concentram mais na imagens dos candidatos, e para um jornalismo direcionado para quem está a ganha, quem está a perder, divulgação dos resultados das pesquisas de opinião, do que numa apresentação séria sobre as propostas que os partidos candidatos têm para oferecer. Veja-se o caso da discussão do programa da coligação PSD/CDS que na prática nunca foi conhecida e votado a um ocultismo propositado.

A cobertura televisiva das campanhas dos partidos dependeu quase exclusivamente em quantidade e extensão de "soundbites", trechos de mensagens de candidatos ou de excertos de comentário que tiveram especial atenção nos candidatos da coligação que tiveram tempos de antena privilegiado em tempo e qualidade de captação de imagem. No último dia da campanha até o Bloco de Esquerda foi contemplado em tempo e imagem.  

 Além de dependência de "soundbites" a cobertura de notícias das televisões da campanhas também foi caracterizada por "peritos" comentadores quase sempre do mesmo quadrante partidário que interpretaram os eventos para os telespectadores moldando, dirigindo, e centrando-se observações para favorecer mais um lado do que outro.

Houve um excessos de enviesamento político na campanha direcionada mais para o lado dos partidos do governo havendo diferenças entre os canais sobre a atenção privilegiada que davam a uns candidatos.  

Além do enviesamento político-partidário imediato as notícias das televisões colocaram demasiada ênfase em alguns dos candidatos. Para uns, discriminação positiva, para outros, discriminação negativa pelos extratos da campanha que eram escolhidos durante a edição de imagem assim como o tratamento que era dado pelos jornalistas que acompanham as campanhas dos partidos.

A cobertura televisiva pode ajudar a determinar como os candidatos são percebidos pelo eleitorado que pode influenciar o sucesso ou insucesso. Esta capacidade de provocar a retenção da atenção é vista como a influência da televisão no processo político duma forma muito decisiva, uma vez que um candidato que não se sai bem enfrenta não só uma batalha difícil mas podem ter dificuldade em levantar-se para continuar. Daí que é muito importante a leitura que se deve fazer de tudo quanto se vê.

 

Cobertura política pelas televisões não se limita a uma simples cobertura dos candidatos e atividades de campanha, os noticiários de televisão também tem desempenhado um grande papel na cobertura de outros aspetos do processo político pode por exemplo ajudar os eleitores a compreender melhor o processo de seleção política através do já referido enviesamento.

Guerrinha da caça aos votos e votinhos

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A coligação PSD/CDS (PaF - Portugal à Frente) tem assim a vida facilitada nesta campanha porque o trabalho que deveria fazer fica a cargo dos partidos à esquerda do seu adversário mais direto.

 A esquerda radical abriu assim a caça aos votos e aos votinhos ao centro-esquerda deixando território livre para a direita penetrar sem muito esforço de progressão no terreno da caça ao voto.

Pelo andar da pré-campanha eleitoral e pelos debates podemos antecipar como vai decorrer a campanha que tem início no próximo domingo.

São quinze os partidos que se apresentam a disputar as eleições alguns apenas em todos os círculos eleitorais.

Há partidos e partidinhos para todos os gostos e opções, muitos deles, sabem à partida que não estarão em condições de eleger deputados e não terão na prática expressão eleitoral. Num regime democrático e multipartidário todos devem ter o direito de se apresentar a eleições. Quanto a isto nada a dizer. O já o mesmo não se pode afirmar ao que respeita à publicitação das suas campanhas cuja visibilidade não lhes é dada na comunicação social.

Num sistema multipartidário há partidos que concorrem às eleições que pertencem a vários espetros políticos e, em princípio, todos vêm uma hipótese de eleger deputados separados ou em coligação. Ao apresentarem-se a votos muitos daqueles partidos vão contribuir para a dispersão de votos, especialmente à esquerda, reduzindo a probabilidade de eleição de deputados.

 Os eleitores ponderam mais fortemente quando existem diferenças claras nas propostas entre os partidos.

Se os partidos não apresentam alternativas concretas e efetivas sobre determinado tema a preferência dos eleitores por um dos partidos não terá nenhum efeito sobre os resultados esperados daa política porque a política seguida será a mesma não importa qual o partido que vença as eleições. Supostamente os eleitores votam em propostas ou programas quando o sucesso de um partido sobre o outro resultará em políticas diferentes. Como os candidatos e os partidos clamam por atenção e disputam o apoio popular, o veredicto do povo pode não ser mais do que um reflexo seletivo por entre as alternativas e perspetivas claras que lhes apresentam.

A voz eleitoral do povo é uma espécie dum eco recebido que tem uma inevitável e invariável relação com o emissor. A clareza com que os candidatos e os partidos articulam a sua política e as suas posições influenciam a capacidade do eleitor para escolher entre candidatos e partidos com base em pontos-chave.

Outro aspeto igualmente importante é a quantidade de escolha dada aos eleitores pela diversidade de temáticas e alternativas propostas pelos partidos. Consideremos os eleitores motivados por apenas dois fatores: o estado da economia e as mudanças de política.

Se os eleitores são solicitados a escolher entre dois partidos que oferecem posições idênticas sobre a questão política, mas têm propostas diferentes sobre a economia, então não se pode prever qual foi o comportamento dos eleitores quando optaram pela questão política ou pela de economia para escolherem entre os dois partidos e poderem recorrer a critérios alternativos de seleção.

Quando votam têm que escolher entre os partidos disponíveis, utilizando informações sobre as diferenças económicas desses partidos, e serem capazes de distinguir quais os que forem substancialmente diferentes e entre os que oferecem posições muito semelhantes. Os eleitores podem tomar as suas decisões apenas se as partes apresentarem distintas plataformas ao eleitorado.

Isto conduz-nos a um ponto crucial que é o de os eleitores conhecerem claramente as propostas e programas dos partidos que se candidatam às eleições.

Nesta campanha nem a coligação PSD/CDS nem os partidos mais pequenos apresentaram ainda um programa credível e mais ou menos detalhado e quantificado. Limitam-se a lançar para o ar chavões que proferem até à exaustão no sentido de captar a atenção dos eleitores mas cujo resultado prático, caso fossem governo, não poderiam concretizar e então enganariam que os elegeu.

Dos quinze partidos que vão constar nos boletins de voto, a maior parte deles, uns mais à direita da coligação PSD/CDS e outros mais à esquerda do PS, batem-se por captar aqui e ali uns votinhos dos partidos à sua direita ou à sua esquerda respetivamente.

Os que mais proliferam são os partidos à esquerda do Partido Socialista cujo objetivo é retirarem alguns votinhos a este último. Aliás, a argumentação destes partidos tem sido na prática não combater a direita mas em ir buscar votos onde acham que podem ser bem-sucedidos. Não se está a ver que partidos como o PCP e o Bloco de Esquerda e outros como eles possam ir buscar votos à direita e ou ao centro, logo, por uma questão de proximidade, tomam como alvo preferencial o partido onde poderão ir conseguir uns votinhos.

Para atingirem estes objetivos, e com a demagogia do costume e à falta de um programa coerentemente exequível, gastam o seu discurso fazendo passar mensagens, mais ou menos falaciosas, com base em interpretações livres dos programas dos seus adversários políticos mais próximos.

A coligação PSD/CDS (PaF - Portugal à Frente) tem assim a vida facilitada nesta campanha porque o trabalho que deveria fazer fica a cargo dos partidos à esquerda do seu adversário mais direto. A esquerda radical abriu assim a caça aos votos e aos votinhos ao centro-esquerda deixando território livre para a direita penetrar sem muito esforço de progressão no terreno da caça ao voto.

A única verdade é a que a direita deseja

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O comentador maestro da direita neoliberal

mais radical de Portugal

É extraordinário como os comentadores e jornalistas dedicados a argumentos em defesa da direita enganam, omitem, distorcem, deturpam para confundir os que, menos atentos, mesmo que os factos os desmintam. Defendem causas que lhes pode trazer a prazo vantagens para sua tabanca.

Quando uma votação coincide com o que eles esperam lhes agrada é sempre uma votação na responsabilidade, na estabilidade, na competência e de clareza no caminho desejado, caso contrário é a votação na irresponsabilidade, na insegurança, etc., etc.. Ao longo dos anos é sempre o mesmo.   

Dou apenas dois exemplos de colunista de jornais e de comentadores de televisão cujas opiniões e a credibilidade, mais do que uma vez já foram contraditadas pelos factos. São um tal de Pereira Coutinho, do Correio da Manhã e da CMTV e Henrique Monteiro colunista do jornal Expresso que, quando bem calha, e por interesse de opinião, surge nos canais de televisão da SIC que pertencem ao mesmo grupo do Expresso.

Eduardo Monteiro está sempre com um meio sorriso (será de escárnio?) que mais parece estar sempre a "gozar" com tudo o que comenta, outras vezes parece estar zangado com a vida. Pois este dito jornalista que, pensa ele, ser isento nos comentários que verbaliza diz coisas tão atabalhoadas que ninguém percebe.

Ontem, no canal SIC Notícias, ao comentar o referendo na Grécia onde o NÃO ganhou por larga maioria  disse, no momento em que no ecrã passavam imagens dos gregos a festejar a vitória, que os gregos estão a festejar, mas nem sabem o quê. Pois, para Monteiro, os gregos são uma cambada de estúpidos que não sabem em que votaram nem para quê. Ao falar-se do número de votantes da fraca abstenção e da percentagem conseguida pelo NÃO lança outra, dizendo que ali até os mortos estão a votar.

Como é possível que dum sujeito, enquanto jornalista, se esperava seriedade, lança para o ar estas "bacoradas". Será isto um contributo para a credibilidade dos comentadores que andam por aí a enxamear e a encher a cabeça dos cidadãos que os escutam, contribuindo para o descrédito da comunicação social.

Temos outro espécime requintado, esse, declaradamente da direita extremista que pretende enganar quem o ouve utilizando a técnica do medo, e que é um tal Pereira Coutinho. Este, lança para o ar a ideia de que o não pagamento de salários e pensões na Grécia pode também vir a acontecer em Portugal, como se o Governo que ele pretende apoiar não o tivesse já feito.

Mas confunde e deturpa a realidade quando associa, sem qualquer prova do que diz, o problema da Grécia ao aumento de impostos, cortes de salários e de pensões que Portugal poderá ou poderia sofrer por causa dos gregos terem optado pelo NÃO.

A direita pretende passar a mensagem de que os problemas da Grécia foram devido ao atual governo democraticamente eleito, o que é falso. Não foi o Syrisa, no poder há cerca de seis meses apenas, que levou os gregos à situação em que se encontram, foram as coligações de direita que o precederam.

A causa final para o Syrisa estar no poder foi ao estado a que a direita conduziu a Grécia. É evidente que a austeridade excessiva, a difusão da pobreza, a perda de poder compra, os cortes nos rendimentos, o desespero, os impostos que as grandes empresas não pagam, por mais que a direita diga o contrário, foi da responsabilidade de quem antes esteve no poder que acabou por resultar numa viragem para o extremo.

Os gregos no domingo passado deram uma lição de inconformismo apesar de todas as vicissitudes, sacrifícios, ansiedades, dúvidas, não recebimento total de reformas, fecho dos bancos e a impossibilidade de poderem levantar mais do que 60 euros, como se a grande maioria tivesse a necessidade ou a possibilidade de levantar diariamente aquele valor (1800 euros mês!). 

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Os gregos no domingo passado deram uma lição de inconformismo apesar de todas as vicissitudes, sacrifícios, ansiedades, dúvidas, fecho dos bancos e a impossibilidade de poderem levantar mais do que 60 euros, como se a grande maioria tivesse a necessidade ou a possibilidade de levantar diariamente aquele valor (1800 euros mês!).  

Nós, portugueses, somos na Europa um povo muito estranho nas suas atitudes e comportamento sociopolítico enquanto somatório dos comportamentos individuais que afetam o modo como pensa, talvez fruto dum regime que, apesar de ter caído no 25 de abril de 1974, ainda se mantem como uma espécie de componente do seu gene social.

Quando sujeitos a situações de carências várias esses comportamentos são manifestos na forma como aceitam com resignação e submissão a que o obrigam.

Foi assim que Deus quis! O que havemos de fazer? Manifestam.

Há outros piores do que nós!

Então o que é que havemos de fazer, é assim!

Outras formas de pensamento manifestos apenas nos seus círculos familiares ou de amigos revelam uma resignação e aceitação a tudo dizendo:

Olha, ficamos com menos, mas ainda nos dá para ir vivendo! Cortam-lhe tudo a que devia ter direito sem reclamar e diz, vamos vivendo com o que ainda temos.

Cortam-lhe no salário e… vá lá que ainda tenho trabalho… cá vamos vivendo.

Aceita trabalhos com salários que os leva ou mantêm ao nível da pobreza e dizem-lhe: vale mais teres este trabalho do que não teres nenhum.

Cortam-lhe ainda mais em tudo até ao limite e dizem: ainda bem que tenho as cantinas sociais.

Ficam sem a casa e dizem: paciência a minhas família vai ter que ajudar.

Tem que tomar um medicamento três vezes ao dia para manutenção da sua saúde mas não tem como pagar e diz: paciência, passo a tomar apenas uma vez ao dia. Não tem dinheiro para pagar a energia que foi cortada e logo pensa: que hei de fazer, tenho ali umas velas, como é verão os dias são mais longos.

No inverno diz para quem está perto de si: tenho ali uma mantinha que me deram lá na paróquia, sempre serve bem para aquecer.

Isto até à exaustão.

Que vida é esta? Que povo é este?  

Formas de pensar que o conduzem a uma espécie de suicídio lento.

Todos falamos de barriga cheia, especialmente aqueles que por aí andam a contribuir para defender e ajudar à manutenção daquele tipo de atitudes conformistas. Veja-se como todos eles criticam o inconformismo do povo grego.

A pele de cordeiro dos neoliberais

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Sabendo-se que no mundo atual o motor da economia deve ter sempre por base uma forte iniciativa privada nos dias que correm, serão poucos aqueles que, mesmo sem o saberem, são liberais. Aliás, todos os partidos com exceção dos ortodoxos de esquerda têm um gene liberal no seu ADN ideológico, sejam eles democratas-cristãos, sociais-democratas ou socialistas (estes últimos consoante os países) para isso basta assumirem a importância da iniciativa privada como motor da economia.

Para que não haja equívocos de interpretação consideramos neste contexto que os liberais sociais defendem os direitos humanos e as liberdades civis e, neste âmbito, combinam o apoio a uma economia em que o Estado desempenha essencialmente um papel de regulador e de garantidor que todos têm acesso, independentemente da sua capacidade económica, a serviços públicos que asseguram os direitos sociais fundamentais.

Neste contexto o PSD e o CDS são hoje partidos que deixaram as suas raízes e passaram a ser neoliberais que apregoam a redução do estado à sua expressão mais simples, seja lá isso o quer que seja. Dizem que o Estado tem demasiado poder e intervém em excesso na economia. Tem-se provado a falsidade destas afirmações demonstrada pelo recente caso do BES, entre outros.

Fora de Portugal o caso da Grécia é a prova onde a imposição de medidas neoliberais conduziram a um desastre financeiro e económico onde os neoliberais da Nova Democracia perderam as eleições e o partido socialista grego PASOK, ficou reduzindo a uns escassos 4,7%. É isso que os neoliberais pretendem ficarem apenas eles com o controle da democracia. Mas, no caso da Grécia, enganaram-se fazendo disparar o Syriza e, em Espanha, veremos o que vai acontecer com o Podemos.

Como se tem visto nas reuniões do Eurogrupo as pressões sobre a Grécia são tentativas para derrubar o atual Governo e menos para tentar ajudar a Grécia a sair da crise. Após seis anos de austeridade a Grécia cresceu apenas 0,6%.  Com mais austeridade o que pode acontecer é ainda uma incógnita cujo resultado pode ser conhecido em breve. As afirmações de Schäuble sobre a Grécia são a prova quando disse hipocritamente que "Sinto muito pelo gregos. Elegeram um Governo que, neste momento, comporta-se de maneira bastante irresponsável" e rematou a reunião do Eurogrupo com "Os gregos vão ter certamente dificuldades em explicar este acordo aos seus eleitores...". 

Senhores financeiramente bem instalados, cujos rendimentos lhe proporcionam dispensarem o que for do Estado seja ao nível da saúde, da educação ou quaisquer outros serviços. Defendem um Estado do todos cada um per si e o do salve-se quem poder. Daí que defendam a privatização de toda a economia desde que lucrativa incluindo os serviços que devem ser da exclusiva responsabilidade do Estado. Isto é, o Estado deve privatizar tudo quanto for lucrativo e assumir tudo o der prejuízo. Aliás em muitas das privatizações é isso que se passa quem compra fica apenas com os ativos e o Estado com os passivos.

Todavia, defendem parcerias público privadas e subsídios a setores de atividade através dos impostos pagos por todos de que beneficiam apenas alguns cidadãos.

Foi esta a base ideológica da política em que o nosso atual Governo de baseou. À despesa exagerada e incontrolada do Governo anterior com a finalidade de dinamizar a economia através do consumo interno, o atual baseou o controlo da despesa apenas em cortes no setor social, salários da função pública, pensões de reforma, deixando à revelia outras áreas, nomeadamente no que se refere a sectores para onde o Estado canaliza verbas dos impostos que resultam na acumulação dos lucros em grandes empresas.

Apesar do abrandamento das medidas de austeridade e dos discursos de falinhas de mansas enganadoras do primeiro-ministro Passos Coelho e seus acólitos, elogiando um incipiente crescimento económico de 0,9% (relativamente às austeridades praticadas a Grécia conseguiu melhor) podemos ter a certeza que a austeridade apenas estacionou na berma devido à aproximação de eleições. Basta estar atento às declarações da ministra das finanças

No encerramento de uma conferência Maria Luís Albuquerque afirmou que os níveis de dívida pública e privada são elevados e que “o potencial de mais reformas é ainda grande” e, depois dos avisos deixados pelo Eurogrupo, Maria Luís Albuquerque manteve que Portugal vai ter um défice abaixo dos 3 por cento, saindo do procedimento de défice excessivo. Hoje, 10 de março, reafirmou que não serão precisas outras medidas para cumprir o objetivo do défice português para este ano mas, sobre a necessidade de mais reformas se for caso disso, afirmou: "…como já dissemos o Governo português mantem-se atento e ajustará a estratégia quando for necessário….". Deixa implícito o que poderá vir a acontecer. É apenas um ponto morto temporário até às eleições. Na eventualidade dos partidos do Governo ganharem as eleições já todos sabemos o que nos espera.

Descubra quem são s Dantas da política

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 Uma crónica sobre o Manifesto Anti Dantas, escrito por Almada Negreiro, levou-me a fazer a sua releitura e achei a sua atualidade inegável face aos Dantas e comentadores da política que por aí proliferam.  

Júlio Dantas foi uma espécie de "chico cortiça" que se compatibilizou com todos os regimes políticos da sua época desde a Monarquia até ao Estado Novo, passando pela Primeira República e, daí, Almada Negreiros e outros intelectuais da época o terem considerado oportunista e retrogrado. Foi deputado pela Monarquia, ministro da educação na Primeira República e embaixador no Estado Novo.

Sem mais, passo a transcrever extratos do referido poema deixando que cada um faça as associações convenientes ao que hoje se passa pela política e por quem nos governa.

Todavia, faço questão de esclarecer que ser antipolíticos (anti alguns) não é o mesmo que estar contra a política nem contra todos os políticos.

Não sou Dantas, não sei escrever, não sou antipolítica mas aqui vai.

Veja também os vídeos.

 

 Basta pum basta!!!

 

Uma geração que consente deixar-se representar por um Dantas é uma geração que nunca o foi. É um coio d'indigentes, d'indignos e de cegos! É uma resma de charlatães e de vendidos, e só pode parir abaixo de zero!

 

Abaixo a geração!

 

Morra o Dantas, morra! Pim!

 

Uma geração com um Dantas a cavalo é um burro impotente!

 

Uma geração com um Dantas ao leme é uma canoa em seco!

 

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O Dantas é um habilidoso!

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O Dantas é Dantas!

 

O Dantas é Júlio!

 

Morra o Dantas, morra! Pim!

 

O Dantas fez uma soror Mariana que tanto o podia ser como a soror Inês ou a Inês de Castro, ou a Leonor Teles, ou o Mestre d'Avis, ou a Dona Constança, ou a Nau Catrineta, ou a Maria Rapaz!

 

E o Dantas teve claque! E o Dantas teve palmas! E o Dantas agradeceu!

 

O Dantas é um ciganão!

 

Não é preciso ir pró Rossio pra se ser pantomineiro, basta ser-se pantomineiro!

 

Não é preciso disfarçar-se pra se ser salteador, basta escrever como o Dantas! Basta não ter escrúpulos nem morais, nem artísticos, nem humanos! Basta andar com as modas, com as políticas e com as opiniões! Basta usar o tal sorrisinho, basta ser muito delicado, e usar coco e olhos meigos! Basta ser Judas! Basta ser Dantas!

 

Morra o Dantas, morra! Pim!

 

O Dantas nasceu para provar que nem todos os que escrevem sabem escrever!

 

O Dantas é um autómato que deita pra fora o que a gente já sabe o que vai sair... Mas é preciso deitar dinheiro!

 

O Dantas é um soneto dele-próprio!

 

O Dantas em génio nem chega a pólvora seca e em talento é pim-pam-pum.

 

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Morra o Dantas, morra! Pim!

 

O Dantas é o escárnio da consciência!

 

Se o Dantas é português eu quero ser espanhol!

 

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O Dantas é a meta da decadência mental!

 

E ainda há quem não core quando diz admirar o Dantas!

 

E ainda há quem lhe estenda a mão!

 

E quem lhe lave a roupa!

 

E quem tenha dó do Dantas!

 

E ainda há quem duvide que o Dantas não vale nada, e que não sabe nada, e que nem é inteligente, nem decente, nem zero!

 

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E as convicções urgentes do homem Cristo Pai e as convicções catitas do homem Cristo Filho!...

 

E os concertos do Blanch! E as estátuas ao leme, ao Eça e ao despertar e a tudo! E tudo o que seja arte em Portugal! E tudo! Tudo por causa do Dantas!

 

Morra o Dantas, morra! Pim!

 

Portugal que com todos estes senhores conseguiu a classificação do país mas atrasado da Europa e de todo o Mundo! O país mais selvagem de todas as Áfricas! O exílio dos degredados e dos indiferentes! A África reclusa dos europeus! O entulho das desvantagens e dos sobejos! Portugal inteiro há-de abrir os olhos um dia - se é que a sua cegueira não é incurável e então gritará comigo, a meu lado, a necessidade que Portugal tem de ser qualquer coisa de asseado!

 

Morra o Dantas, morra! Pim!

 

Autor: Almada Negreiros (1893-1970)

Ler a versão completa em: http://www.munseys.com/diskfive/adan.pdf

 

 

Pim! from Gonçalo Nobre on Vimeo.

A cultura dos incultos na política

Revi hoje algumas das intervenções do responsável pela realidade que se vive atualmente no médio oriente, nomeadamente no Iraque, que teve a sua génese numa época bem determinada com a participação de um ator principal bem identificado apoiado por atores secundários que se deixaram arrastar para uma armadilha.

Esse ator principal que ascendeu à política com empurrões paternais foi George W. Bush, Jr. que bem poderia ter-se dedicado à "stand up  Comedy".

Não admira que a impreparação, a incultura, o desprezo por tudo quanto não seja, como dizem, a ligação das escolas ao mundo do trabalho e uma visão tacanha de desprezo por tudo quanto sejam ciências sociais e humanas, (lembram-se do jornalista português da área da economia que disse publicamente que a disciplina de história não servia para nada?), traduz-se nisto.

Vejamos alguns extratos de intervenções durante o mandato de George W. Bush Jr. como presidente dos Estados Unidos da América.

Se procurarmos bem encontraremos também bons exemplos em Portugal.

 

  • "Eu gostaria a de ter estudado latim, assim poderia comunicar melhor com o povo da América Latina.".
  • "A grande maioria das nossas importações vem de fora do país."
  • "Se não tivermos sucesso, corremos o risco de fracassarmos."   
  • "O Holocausto foi um período obsceno na História da nossa nação. Quero dizer, na História deste século". 15/09/95
  • "Uma palavra resume provavelmente a responsabilidade de qualquer governante. E essa palavra é estar preparado." 06/12/93
  • "Eu tenho feito bons julgamentos no passado. Eu tenho feito bons julgamentos no futuro."
  • "Eu não sou parte do problema. Eu sou Republicano."
  • "O futuro será melhor amanhã".
  • "Nós vamos ter o povo americano melhor educado do mundo.". 11/09/97
  • "Eu mantenho todas as declarações erradas que fiz.".
  • "Nós temos um firme compromisso com a OTAN. Nós fazemos parte da OTAN. Nós temos um firme compromisso com a Europa. Nós fazemos parte da Europa. "
  • Um número baixo de votantes é uma indicação de que menos pessoas estão a votar."
  • "Nós estamos preparados para qualquer imprevisto que possa ocorrer ou não.". 22/09/97
  • "O povo americano não quer saber de nenhuma declaração errada que George Bush possa fazer ou não.".
  • "Não á a poluição que prejudica o meio-ambiente. São as impurezas no ar e na água que fazem isso.".
  • "É altura de a raça humana entrar no sistema solar.". 

A Europa dos bons e dos maus alunos

Passos Coelho está agora mais exposto do que nunca à crítica. A partir de 17 de maio deixa de ter o álibi da troika, mesmo que saibamos que a vigilância dos credores vai continuar, mesmo que mitigada. Uma das batalhas mais importantes é controlar e saldar da dívida. Parece absolutamente claro que, a prazo, a Europa no seu conjunto vai ter de encontrar uma solução, entre as que estão em cima da mesa, para permitir um maior desafogo no pagamento das dívidas dos Estados membros. E pelo que consta na imprensa internacional a Grécia está a ficar bem vista. É a euforia total nesta Europa da austeridade e castigo para os países do sul.

Com a aproximação das eleições europeias a U.E. parece ter entrado numa euforia de promessas ilusórias e ritmos duma gestão política inverosímil comandados pelos países do norte, nomeadamente a Alemanha. Os países do sul estão agora a ser vistos, por aqueles e pela própria Comissão Europeia com outros olhos e lançando para as opiniões públicas vãs ilusões de recuperação. Tudo artificial. Até a própria Grécia já está a ser apontada como um caso prestes a ser resolvido, assim como Portugal.

Todos nos recordamos que a Grécia era o mau aluno e o mau exemplo que, o bom aluno, nós, não devíamos acompanhar mas antes afastarmo-nos dele. Tal como na escola onde pais muito cuidadosos e atentos dizem ao seu filho, cuidado não te dês com aquele aluno, porque ficas mal visto.

O que se passa hoje é que a própria europa considera hoje que também a Grécia está no bom caminho.

Em 23 de abril do corrente ano o Wall Street Journal publicou um artigo cujo título é "UE confirma que a Grécia bateu conseguiu bater os seus objetivos orçamentais em 2013". Fantástico! O pior aluno passou a muito bom aluno em ano de eleições europeias.

Esta informação parte da Agência Estatística Europeia  (Eurostat) que confirma uma reviravolta muito positiva das finanças públicas. Segundo naquele jornal "a Grécia abre caminho para novas medidas de redução da dívida por parte dos parceiros da zona do euro da Grécia nos próximos meses. De acordo com os dados, a Grécia alcançou um excedente orçamental primário-antes de contar-pagamentos de dívida € 1,5 mil milhões 2013 (2,08 mil milhões de dólares americanos); um ano antes das expectativas e maior do que a meta estabelecida pelos credores internacionais do país que estipularam que Atenas apontou para um orçamento preliminar equilibrado no ano passado. Os dados são um "reflexo do progresso notável que a Grécia fez em consertar as suas finanças públicas desde 2010, "Simon O'Connor, porta-voz da Comissão Europeia disse numa conferência de imprensa em Bruxelas. No ano passado, o superávit primário é o primeiro conseguido pela Grécia numa década, e a confirmação pelo Eurostat na quarta-feira vem quase exatamente quatro anos depois de a Grécia ter pedido dois resgates internacionais sucessivos para corrigir seus problemas de orçamento e reformar sua economia.".

Tudo isto para provarem antes das eleições que o desastre que provocaram nos países do sul foi o caminho certo e, portanto deu resultados que esperam se reflita nas eleições.

Está tudo bem nesta frente Merkeliana Europa!

Portugal e as delícias do mês agosto

 

Detesto viajar pelas estrada portuguesas durante o mês de agosto, especialmente pelas da Região Centro, Norte e Algarve. A cidade de Viseu e arredores, que visito frequentemente ao longo do ano, tornam-se insuportáveis naquele mês. Desde os anos setenta que é assim quando os emigrantes vêm passar férias às suas aldeias para visitar e apoiar os seus familiares.

Sobre este tema vi o filme A Gaiola Dourada de Rubem Alves que pinta um retrato de psicologia social e da mentalidade dos emigrantes da segunda geração que, no meu ponto de vista, não corresponde à realidade porque habituado a vê-los ao longo dos anos. Catarina D` Oliveira crítica de cinema da Vogue tece sobre o filme afirmando que “Uma das preocupações recorrentes relativas à “Gaiola” prendia-se com a possibilidade de retrato caricatural ou de observações pejorativas e preconceituosas que ainda hoje perduram no imaginário estrangeiro (e não só) sempre que questionado sobre a sua noção do povo português. Enquanto o filme de Ruben Alves nada faz para negar esse estereótipo nem sempre real, a verdade é que decide corajosamente “agarrar o touro pelos cornos”, e vestir essas noções pré-concebidas como uma armadura, usando-as mesmo para exaltar a natureza poderosa de um povo que tantas vezes se perde no seu próprio pessimismo e autocrítica esquecendo a sua grandeza – um pouco como acontece com o próprio filho dos Ribeiro, que afirma sempre com embaraço e temor as raízes.”. Apesar de tudo é um filme que aconselho vivamente a ver o que, eu próprio, irei fazer uma segunda vez para uma leitura com um outro olhar mais atento.

Gerações de emigrantes passaram e passam por aqui todos os anos. As mais novas à semelhança dos que antecederam trazem a sua bagagem recheada de bazófia bem típica do português.

As jovens gerações regressam às origens dos seus progenitores, também eles emigrantes, para reviverem amizades e tomar conta dos seus haveres que por cá deixam e do que, ano após ano vão construindo.

As remessas de dinheiro que enviam ou trazem para Portugal, ao contrário dos seus antecessores que serviam para aforrar preparando os seu regresso à sua terra natal, destinam-se a apoiar os seus familiares tentando minimizar os efeitos da crise que os atingiu. As poupanças já não vêm para Portugal mas ficam no país onde trabalham e vivem. É assim esta geração de emigrantes.

A boçalidade cultural típica do português, essa nada mudou. Quando chegam assumem o seu papel transformista adaptando-se ao meio dos seus conterrâneos mas espaventando o seu sucesso por vezes aparente.

Combinam almoçaradas em restaurantes com os seus familiares e amigos, onde num papaguear misto de franciú e portuga tecem as mais variadas calinadas ao mesmo tempo que repreendem os filhos mais pequenotes num franciú e se viram para os outros convivas em portuga.

Experiência muito pouco edificante foi aquela a que assisti à hora de almoço num restaurante a caminho de Sátão, muito conhecido e frequentado por várias pessoas de vários estratos sociais que procuram iguarias típicas da região. O restaurante praticamente esgotado. Mesas ocupadas por grupos famílias onde se poderiam distinguir crianças, pais, avós e amigos cujas conversas entrecruzadas originavam um bruaá ensurdecedor. Numa mesa ao dado daquela onde me consegui instalar um grande grupo que tinha chegado antes de nós aguardava pelos pitéus encomendados. Já no final da refeição, bem comidos e bem bebidos um dos elementos, ao ver aproximar-se o que eu supus ser um amigo ou conhecido do grupo, à laia de brincadeira (?) lança para o ar em altos gritos um léxico de palavras do mais vernáculo e boçal português de obscenidades que se possam imaginar. E tudo isto, imagine, em presença de crianças e esposas (?) que se encontravam na mesa da suposta família, para não falar nos restantes que se encontram no restaurante. Tudo isto sem que qualquer reparo fosse feito pelas empregadas de mesa. É este o povo que somos, são estes os emigrantes que nos visitam.

Contudo, é bom notar que, felizmente, ainda há exceções e são muitas.